Elas são pelos animais
Para uns é crime. Para outros status. A verdade é que a utilização de peles verdadeiras está a agitar a opinião pública, pelo que várias famosas decidiram agir em defesa das únicas vítimas desta “feira de vaidades”: os animais.
É uma das poucas coisas, senão a única, de que Elsa Raposo se arrepende na vida: o facto de, uma vez, nos seus tempos de manequim, ter desfilado com peles verdadeiras. “Na altura não tinha consciência da crueldade que implicava”, justifica a modelo, que nunca se deixou tentar por este tipo de consumismo. “Tal como é imoral contribuir para a morte de milhões de animais, também me revolta o facto das pessoas darem uma fortuna por um casaco de peles, quando existem tantas crianças a passarem fome. Por que não dar esse dinheiro a uma instituição? Certamente viveriam com uma consciência mais tranquila e feliz”. Para Elsa Raposo os estilistas são os grandes culpados por esta moda das peles. “Acho que devia haver uma lei que os proibisse de as usarem.”
“Sou a favor do uso de peles verdadeiras, desde que estejam vivas e, de preferência, em casa!” É assim que Paula Neves marca a sua posição relativamente ao uso de peles de animais. “Tenho sempre o cuidado de, quando vou às compras, certificar-me de que os produtos são 100 por cento sintéticos”, salienta, sublinhando que as peles artificiais são muito mais bonitas do que as autênticas. Na União Zoófila, um local que descreve como sendo de visita obrigatória, Paula Neves mostrou que, melhor do que comprar um casaco de peles, é adoptar um animal. “Se quiserem usar peles visitem esta instituição”, revela a actriz, que fez questão de mostrar como se sente um animal enjaulado. “É horrível. Como é que certas pessoas conseguem continuar a ser cúmplices do sofrimento de seres inocentes. Valerá a pena?”
“As pessoas devem deixar de olhar tanto para o seu umbigo e olhar mais para a natureza que as rodeia”, afirma Patrícia Bull, salientando que o uso de peles verdadeiras é totalmente desnecessário nos dias que correm. “Acho que não passa de uma atitude retrógrada e primitiva. Hoje em dia, existem inúmeras alternativas às peles verdadeiras, tão bonitas quanto as autênticas, pelo que não há qualquer justificação para causar sofrimento a milhões de animais”, assinala, acrescentando que existem, nomeadamente, alternativas com materiais recicláveis, que evitam destruir ainda mais a natureza, como é o caso das originais sandálias que usa na fotografia e que foram feitas em papel reciclado pelo artista plástico David Oliveira. “O nosso planeta já atingiu um ponto sem retorno. Será que vamos continuar a cometer os mesmos erros?”
Durante todo o tempo que viveu nos Estados Unidos, Adelaide de Sousa foi constantemente ‘bombardeada’ por campanhas da PETA, que tentavam sensibilizar as pessoas para o boicote ao uso de peles de animais. Portugal, contudo, ainda peca pela falta de informação. “Não existe uma consciência comum de que temos um mandato para gerir e proteger o nosso meio natural”, afirma a actriz. “Basta reflectir um pouco sobre o assunto ou ver as imagens divulgadas pelas associações de defesa dos animais para mudar de ideias. Custa-me a acreditar que um ser humano não se compadeça do sofrimento de um animal inocente”, diz, olhando para Naná, a sua cadela de 13 anos que encontrou abandonada na estrada. “Só de saber que até cães e gatos são utilizados neste comércio das peles.”
“Na moda de luxo, 90 por cento dos estilistas usam peles. Além disso, desde sempre que o Homem mata animais para se vestir. Não fui eu que inventei! Está na hora das pessoas evoluírem. Para mim, matar um animal para comer um bife ou para fazer um casaco é a mesma coisa. Não noto diferença porque não sou hipócrita, sou coerente. Vou continuar a usar peles como sempre fiz, desde que não sejam de animais em vias de extinção. A Associação Animal tem usado a minha imagem para ter visibilidade. O vídeo que eles divulgam tem a ver com uma prática na China, quando eu compro as minhas peles na Europa, onde a morte dos animais é rápida e indolor.”
PERFIL: Fátima Lopes entrou no mundo da moda aos 26 anos. Em 1992, fez o seu primeiro desfile, dando origem à marca com o seu nome.
“Sou contra o uso de peles por uma questão de valores. Uso peles falsas porque hoje em dia existem imitações lindíssimas que fazem o mesmo efeito e evitam a crueldade de matar animais. Achava que o mundo tinha mudado, mas pelos vistos voltou a estar na moda o uso de peles como sinal de riqueza. É uma atitude algo primitiva e retrógrada. Não concordo que outros estilistas o façam porque é uma carnificina e um atentado à humanidade. Já fui o rosto da PETA contra o uso de peles de animais na moda. Mas já no início deste século começou a sentir-se, de uma forma geral, que as coisas que transmitam a ideia de luxo estão a ser consumidas, sejam elas quais forem. Enfim, é uma fase.”
PERFIL: Há 25 anos que Ana Salazar é uma estilista reconhecida internacionalmente e sempre usou peles sintéticas nas suas colecções.
As imagens recentemente divulgadas pela Associação Animal, que mostram animais a serem electrocutados e esfolados vivos, despertaram uma onda de polémica em Portugal, onde também existem estas ‘quintas da morte’. “Existe uma grande quinta de criação de animais para extracção e comercialização de peles no Cartaxo”, revela Miguel Moutinho, director executivo da Animal. “Acreditamos que 80 por cento das pessoas que usam casacos e acessórios em pele estão mal informadas. Provavelmente, nem lhes ocorre que o casaco que usam é feito de pele de animais que já tiveram uma vida. Contudo, também existe uma percentagem de pessoas – cerca de 20 por cento – que, independentemente da informação que recebem, são pura e simplesmente indiferentes a esta causa”, revela Miguel Moutinho, alertando para as alternativas. “Existem os tecidos sintéticos ou de origem vegetal, perfeitamente capazes de compor todo o tipo de peças de vestuário.”
1 Comments:
Presumo que terei que mandar fazer um casaco de pele de Fátima Lopes...Um casaco ,não! Umas cuecas fio dental, com pele das mamas... e para que conserve toda a sua frescura e toda a sua vivacidade para que não se perca o "sinal de luxo", o fantástico brilho e elasticidade ela terá que ser primeiro enjaulada durante uns meses numa jaula em que as mãos não chegam a lado nenhum de tão apertada e depois, chagado o dia, terá que ser atordoada à paulada, e depois para não estragar muito a pele deverá ser empalada (com um pau pelo cu a sair pela boca) e esfolada viva e ainda há-de estar a gritar pela maêzinha dela quando o curtidor levar a pele para secar...
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